Dirigente “some” e deixa vôlei do Sport a ver navios

Após quase cinco meses de indefinições, o Sport encerrou todos os prazos possíveis para confirmar a participação na edição 2010/2011 da Superliga Feminina de Vôlei. Na última semana, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) divulgou a lista com as equipes participantes, onde não constava o nome do clube pernambucano. O Rubro-negro, por intermédio da Federação local (Fevepe), conseguiu mais 48 horas úteis para uma resposta, desta vez, definitiva. O prazo foi encerrado às 18h de segunda-feira e, até o momento, nenhuma novidade a respeito da participação do time no Nacional foi divulgada. O motivo da ausência do clube na Superliga é a falta de um patrocinador master, disposto a arcar com as despesas de contratações e estrutura da equipe durante a competição. Já o motivo da falta de informações a respeito do assunto é o sumiço do vice-presidente do Departamento de Esportes Amadores, Genaro Domingos, que está incomunicável.

Contratado e anunciado com toda pompa para ser o futuro treinador do clube, o experiente Josenildo Carvalho adotou o silêncio durante os meses nos quais o Sport esteve procurando parceiros. No entanto, após o prazo final da CBV, o treinador desabafou a decepção sentida com o desfecho da história, que deixa a equipe fora da Superliga. Um dos principais lamentos de Josenildo foi o fato de ele não ter recebido “informações de bastidores”, o atualizando sobre o andamento das negociações. “O meu silêncio foi profissional. Acho muita desconsideração, pois, até agora (18h30 de terça-feira) ninguém me ligou. Depois de tantas indefinições, precisava saber algo concreto. Não sou nenhum moleque e não estou engolindo isso”, desabafou o treinador, criticando a postura no comando da negociação. “Algumas pessoas ainda pensam que a política resolve tudo, mas a CBV é séria”.
A falta de informações não foi um “privilégio” de Josenildo, pois os cartolas envolvidos nos bastidores da equipe também não têm contato com Genaro Domingos, homem responsável pela negociação do projeto do Sport junto aos possíveis parceiros, há dois dias. A participação de Domingos, inclusive, foi considerada omissa, uma vez que a presença dele no clube foi taxada como rara. Principal vínculo do clube com a Imprensa, Ednílton Vasconcelos, que ajudou a elaborar o projeto para a temporada, não escondeu o incômodo por não ter uma resposta concreta acerca da situação. “Não consegui falar com Genaro, então é difícil para opinar. Diante de tudo, acredito que estamos fora, mas só ele pode dizer”, afirmou Ednílton. A reportagem da Folha de Pernambuco tentou entrar em contato com Genaro Domingos, mas, até o fechamento desta edição, não obteve êxito.

A caminhada do Sport em busca de um patrocinador começou após o desligamento do Banco BMG, investidor da última temporada. Sem o apoio dos mineiros, os rubro-negros não conseguiram emplacar o projeto desta temporada com nenhuma outra empresa privada, o que, segundo Josenildo, é uma consequência da falta de credibilidade do vôlei pernambucano no âmbito local e nacional. “O Estado não esteve presente em nenhuma final de competição, independente da categoria. É preciso parar de pensar que as coisas acontecerão de repente”, criticou o treinador, que tentou iniciar os trabalhos no clube em agosto, focando o condicionamento físico das pratas da casa remanescentes do ano passado. “Me propus a começar o trabalho da base em agosto, mas preferiram esperar. O vôlei local tem que sair do padrão amador”, revelou, adiantando que, durante esta semana, fará mais pronunciamentos da trajetória dele no Sport nesta temporada.

Irce Falcão - Jornal Folha de Pernambuco